Paroles de 'Canto Negro' par Carlos Drummond de Andrade

Canto Negro est une chanson de Carlos Drummond de Andrade dont les paroles ont été innombrablement recherchées, c'est pourquoi nous avons décidé qu'elle méritait sa place sur ce site web, avec beaucoup d'autres paroles de chansons que les internautes souhaitent connaître.

Vous adorez la chanson Canto Negro ? Vous ne comprenez pas tout à fait ce qu'elle dit ? Besoin des paroles de Canto Negro de Carlos Drummond de Andrade ? Vous êtes au lieu qui a les réponses à vos désirs.

À beira do negro poço
Debruço-me, nada alcanço
Decerto perdi os olhos
Que tinha quando criança

Decerto os perdi, com eles
É que te encarava, preto
Gravura de cama e padre
Talhada em pele, no medo

Ai, preto, que ris em mim
Nesta roupinha de luto
E nesta noite sem causa
Com saudade das ambacas
Que nunca vi, e aonde fui
Num cabelo no sovaco

Preto que vivi, chupando
Já não sei que seios moles
Mais claros no busto preto
No longo corredor preto
Entre volutas de preto
Cachimbo em preta cozinha

Já não sei onde te escondes
Que não me encontro nas tuas
Dobras de manto mortal
Já não sei, negro, em que vaso
Que vão ou que labirinto
De mim, te esquivas a mim
E zombas desta gelada
Calma vã de suíça e de alma
Em que me pranteio, branco
Brinco, bronco, triste blau
De neutro brasão escócio
Meu preto, o bom era o nosso

O mau era o nosso, e amávamos
A comum essência triste
Numa visguenta doçura
De vulva negro-amaranto
Barata! Que vosso preço
Ó corpos de antigamente
Somente estava no dom
De vós mesmos ao desejo
Num entregar-se sem pejo
De terra pisada
Amada
Talvez não, mas que cobiça
Tu me despertavas, linha
Que subindo pele artelho
Enovelando-se no joelho
Dava ao mistério das coxas
Uma ardente pulcritude
Uma graça, uma virtude
Que nem sei como acabava
Entre as moitas e coágulos
De letárgica bacia
Onde a gente se pasmava
Se perdia, se afogava
E depois se ressarcia

Bacia negra, o clarão
Que súbito entremostravas
Ilumina toda a vida
E por sobre a vida entreabre
Um coalho fixo lunar
Neste amarelo descor
Das posses de todo dia
Sol preto sobre água fria

Vejo os garotos na escola
Preto-branco-branco-preto
Vejo pés pretos e uns brancos
Dentes de marfim mordente
O alvor do riso escondendo
Outra negridão maior
O negro central, o negro
Que enegrece teu negrume
E que nada mais resume
Além dessa "solitude"
Que do branco vai ao preto
E do preto volta pleno
De soluços e resmungos
Como um rancor de si mesmo

Como um rancor de si mesmo
Vem do preto essa ternura
Essa onda amarga, esse bafo
A rodar pelas calçadas
Famélica voz perdida
Numa garrafa de breu
De pranto ou coisa nenhuma:
Esse estar e não estar
Esse ir como esse refluir
Dançar de umbigo, litúrgico
Sofrer, brunir bem a roupa
Que só um anjo vestira
Se é que os anjos se mirassem
Essa nostálgica rara
De um país antes dos outros
Antes do mito e do sol
Onde as coisas nem de brancas
Fossem chamadas, lançando-se
Definitivas eternas
Coisas bem antes dos homens

À beira do negro poço
Debruço-me; e nele vejo
Agora que não sou moço
Um passarinho e um desejo

Sentez-vous comme une star en chantant la chanson Canto Negro de Carlos Drummond de Andrade, même si votre public n'est que vos deux chats.

Ce qui arrive plus souvent que nous le pensons est que les gens recherchent les paroles de Canto Negro parce qu'il y a un mot dans la chanson qu'ils ne comprennent pas bien et veulent s'assurer de ce qu'il dit.

Vous vous disputez avec votre partenaire parce que vous comprenez des choses différentes en écoutant Canto Negro ? Avoir sous la main les paroles de la chanson Canto Negro de Carlos Drummond de Andrade peut régler de nombreux différends, et nous l'espérons ainsi.

Apprenez les paroles des chansons que vous aimez, comme Canto Negro de Carlos Drummond de Andrade, que ce soit pour les chanter sous la douche, faire vos propres covers, les dédier à quelqu'un ou gagner un pari.